sábado, agosto 02, 2025

Pobre mundo

Foto: Hosny Salah - Pixabay


Pobre mundo este em que habitamos
corroído pela avareza, pelas tribulações,
pelas vaidades, pelos excessos, 
pela corrupção.
As guerras, a fome, o abandono
de tantos à beira dos caminhos,
estendendo as mãos carentes de tudo.
Rostos dilacerados pela dor,
pela indiferença, pela miséria.
Impávidos e serenos, somos testemunhas
numa inação que fere a alma.
O que poderemos fazer para amenizar
tanta angústia, tantas doenças,
tanto desânimo?
Existirá um caminho, uma solução
para aliviar os seres humanos
destes tormentos?
Apesar de sermos minúsculos
no cosmos em que vivemos,
como uma gota de água no mar,
resta-nos servir de exemplo 
lutando com todas as nossas forças,
para que a claridade possa brilhar
na consciência e no coração
da humanidade.

Texto
Emília Simões
02.08.2025

sábado, julho 26, 2025

Na imensidão do silêncio profundo

 Pixabay



Na imensidão do silêncio profundo,

que me paralisa o pensamento

e me impede  de ver o dia claro, 

ouço a tua voz

que me liberta desta penumbra

e auxilia na libertação das palavras,

presas dentro de mim.

Um pássaro levanta voo

e corta o horizonte com um sopro,

anunciando a chegada do amanhecer.


Emília Simões
26.07.2025


sábado, julho 19, 2025

Sentada sobre o passado

 

Aviv Muzi


Sentada sobre o passado relembro histórias
que me despertam emoções 
vividas ou sentidas, que hoje apenas revivo.
Outrora vivi, cresci, rodeada de flores,
livros e folhas balançando ao vento,
que me anunciavam novos universos
e novas formas diferentes de estar e viver,
que não me deixaram maravilhada.
O mundo que conhecia tinha claridade
e tudo ao meu redor era puro.
Águas frescas e cristalinas,
prados verdes e flores silvestres,
aromas a estevas e pinheiros bravos,
e frutas maduras, que colhia das árvores.
Rios de águas límpidas,
onde barcos deslizavam suavemente,
como brisas leves pelas margens.
A natureza era um reino onde libertava
as minhas fantasias de criança
e me sentia livre e longe do espetro
de guerras e calamidades.
Naquela época, parecia que o mundo
era só meu.
Hoje, apenas memórias e saudades
habitam profundamente em mim.


Texto
@Emília Simões
2025.07.19

sábado, julho 12, 2025

Hoje não escrevo


Hoje não escrevo.

Não me apetece.

Passeio ao ar livre e fresco

e deixo que as palavras

se escoem no tempo

e se enleiem nas folhas

e no canto dos pássaros.

À margem de mim,

à margem dos meus sentidos,

dos meus sonhos.

Nas margens do meu rio.


Texto e foto
Emília Simões
10.07.2025

sábado, julho 05, 2025

Madrugada, noite escura

Pixabay

Madrugada, noite escura,

um trilho, um desvio,

uma detonação.

Dois pássaros tombam

na noite em chamas,

ao raiar do dia

sem luz, na penumbra

de um porvir extinto.

Entre as cinzas

o vazio,

a incredibilidade,

a dor, o pranto.

O mundo desabou.

No ventre materno

o coração geme de dor.

( A minha humilde e sentida homenagem
aos dois manos, família e amigos).

Texto 
Emília Simões
05.07.2025




sábado, junho 28, 2025

Na agitação do mundo

Pixabay


Na agitação do mundo
em que a paz anda ausente,
será que a poesia ainda 
encontra espaço no nosso pensamento,
nas nossas mãos, no nosso olhar?
Questiono-me e as palavras
parecem colar-se à minha garganta
e permanecem presas na língua.
Uma intensa secura apodera-se de mim,
assemelhando-se a um deserto sem oásis.
O silêncio invade profundamente o meu âmago
e fico a cismar sobre o destino
do Planeta que habitamos,
cada vez mais contaminado
e marcado pelos resquícios das guerras.
A poesia terá força para resistir                                            
e contribuir para um mundo renovado?
O meu pensamento conseguirá soltar-se
e proporcionar liberdade à criatividade?
Será que a minha cisma é apenas momentânea?



Texto
@Emília Simões
28.06.2025




sábado, junho 21, 2025

Abraçar o verão


Na minha quietude
procuro refúgio entre sombras e flores,
sob o sol que arde fortemente
incendiando-me o olhar e o pensamento.
O meu corpo, lento, arrasta-se
como asa ferida, de ave em sobressalto.
A travessia é difícil; a sede seca-me os lábios.
As palavras emudecidas
não localizam o caminho até à fonte.
O suor  molha-me o rosto, todo o corpo.
O silêncio incita-me a resistir
e a abraçar o verão.


Texto e foto
@Emília Simões
21.06.2025




sábado, junho 14, 2025

Na solidão dos dias

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Na solidão dos dias a minha mente viaja
para um tempo em que o mundo era puro
habitado por gentes simples e com um sol mais radiante.

Nas correntes de águas límpidas viam-se cardumes de peixes
que se moviam com graça e suavidade.

A lua e as estrelas cintilavam no céu
e a noite era um cenário majestoso e belo.

Nos campos flores de mil tonalidades
sorriam-me sempre que me debruçava para as apreciar.

Era uma época de quase nada,
porém oferecia quase tudo em termos de beleza, cor e harmonia.

Gestos singelos mitigavam  dores e sedes,
em amistosos convívios nas sombras, dos dias quentes de verão.

A palavra guerra não existia.
A amizade, a entreajuda, as risadas e brincadeiras
ajudavam a amenizar períodos de trabalho árduo,
mas a respiração era leve.

Texto
@Emília Simões
14.06.2025

sábado, junho 07, 2025

Em silêncio escuto o universo

Pixabay


Em silêncio escuto o universo.

As sombras sussurram o medo

sufocadas por trevas sem fim,

que refletem nos escombros

a vergonha da humanidade.


Os pássaros deixaram de cantar

a melodia do alvorecer;

enfileirados num galho,

estáticos, não ousam acordar.


Num movimento incessante

passos sem corpos cruzam-se

no vazio da noite,

num mundo transmutado.


Chegou o momento de despertar,

de abraçar as luzes

que dissipam a escuridão

e alimentam os sonhos.


Texto
@Emília Simões
07.06.2025

sábado, maio 31, 2025

As palavras tardam

Pixabay


As palavras tardam no reverso do verso.

O silêncio abriga-as e recolhidas não se soltam,

coladas à garganta, que sufocada pela inação,

não as deixa fluir.

A minha voz, cada vez mais rouca,

imperceptível, não soletra nenhuma palavra,

nem uma sílaba, uma letra sequer.

Na minha angústia brado ao vento 

que me sopre uma brisa, um novo alento,

que me deixe respirar as palavras.

Num instante os sentidos despertam.

As palavras brotam e com elas 

novos versos, novas rimas, preenchem

o meu vazio e a essência é revelada.


Texto
@Emília Simões
31.05.2025